domingo, 21 de agosto de 2011

Fly away from here




Às vezes, perco a vontade de sair de casa e encarar o mundo que me espera à soleira de minha porta. Estou cansada das mesmas conversas, de pessoas mesquinhas que só sabem falar umas sobre as outras e do vazio de cultura e de sentimento.

Queria poder sair livremente, parar em um Café e pedir um expresso grande enquanto mergulho nas páginas de um bom romance. Neste Café eu conheceria alguém que valesse a pena, que viria conversar, desinteressadamente, sobre o livro que eu estaria lendo. Iríamos à biblioteca, eu iria cheirar as páginas dos livros que me interessassem e ele não acharia esta uma mania estranha. Ele faria caras engraçadas entre as estantes vazias só para me fazer sorrir. Ele leria um trecho do seu livro favorito e eu sentiria o mesmo que ele sentiu quando o leu pela primeira vez.

Mas, imaginando tudo isto, antes de sair da soleira da porta, lembro que ninguém mais liga para nada disso. Lembro que as bibliotecas estão vazias, que o pó se acumula sem cessar sobre os exemplares e que o Café está deserto de almas como a minha. Volto para o meu quarto, abro um livro na primeira página, inicio outra leitura e crio outro mundo – um mundo só meu, onde as coisas façam sentido. E penso em como todas as pessoas que valem a pena conhecer estão em casa, com o coração partido, desencorajados e sem vontade de abrir a porta para o mundo real e olhar para toda a ignorância, o egoísmo e o desamor que estão espalhados em casa esquina. Percebo o quanto eu prefiro a ficção e começo a ler o capítulo um.

2 comentários:

Ereyuki disse...

nossa, eu me sinto assim, as vezes, como hoje por exemplo, um dia nublado sem sol, sem flores, me escondo em um mundo só meu que poucos tem a chave para abri-lo, obrigado por esse lindo pot.

Jordano Tavares disse...

Ótimos textos. Escolhi esse pela soleira da porta, que também me visitou em algum texto perdido que tenha tentado escrever...:)Parabéns por ainda resistir, e ser tão rara.

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