sábado, 28 de agosto de 2010

Tired of all this world




Você simplesmente cansa da rotina. Cansa de acordar todo dia, ver as mesmas pessoas, conviver com a mesma realidade desgastante. Cansa de conviver com pesadelos contínuos que não fazem parte da ficção. Cansa de dias vazios, cansa de deitar a cabeça sob o travesseiro e passar a noite acordado pensando no que fazer para sair desse caos. Cansa de tanta hipocrisia, de sorrisos falsos, de palavras sem sentido. Cansa de ouvir músicas tristes. Cansa de olhar pela janela e não ver nada além do que vê todo dia. Cansa de não demonstrar emoções, cansa de ser uma marionete articulada pela usualidade.
Cansei de só te ver ir embora, de só acenar enquanto seus passos te levam para longe de mim. Cansei de não conseguir dizer uma palavra, de não conseguir provar que tudo que eu não digo é verdade, de desaparecer como as estrelas quando amanhece, de me encolher quando você me vê. Cansei de ser receosa do que pode acontecer, cansei de contar carneirinhos para conseguir dormir, das noites em claro, dos feriados vazios. Cansei de não querer mais nada, de sorrir sem vontade, de esperar por algo que não virá. Cansei de ter esperanças, de olhar pela janela e não te ver. Cansei de lamentar, de chorar, de drama. Cansei de tudo aquilo que corrói, do desgaste que a rotinha traz, dos anseios que não se realizaram. Cansei dessa cidade pacata, mas cansei também do agito sem você. Cansei de sonhar, estou farta de estrelas sem luz. Cansei de amar você, mas meu coração ainda não cansou.

segunda-feira, 2 de agosto de 2010

Live in the past




Comecei a me perguntar o que fizeram com o amor. Banalizaram-o de tal forma, que não podemos mais distinguir o que é amor e o que é mentira. Quando vejo pessoas que se conhecem há um dia dizendo “eu te amo”, me pergunto se, em apenas um dia, esta pessoa já conheceu tudo sobre a outra. Em um dia. Levamos toda uma vida para conhecermos a nós mesmos. Desenvolvemos amor-próprio porque estamos todo dia, nesse autoconhecimento. As pessoas confundem admiração com amor. Confundem o simples fato de conviver com amizade. Confundem tristeza com antipatia. E assim seguimos, pessoas vivendo em um mundo abstrato, totalmente confusas, sem saber direito o que sentem e, conseqüentemente, o que dizem.
Há alguns anos, as coisas costumavam ser bem diferentes. Você não dizia que amava alguém sem antes ter a certeza de que isso era verdade. Você não chamava alguém que mal conhecia de amigo. Estranho pensar em um mundo que parece ser tão diferente da nossa realidade. Não se falava tanto em divórcios, as pessoas valorizavam mais a família, não diziam sentir falta de alguém que não conviveram tempo o bastante para realmente sentir.
Não estou dizendo que era tudo perfeito. Não eram só vestidos rodados e verdades que moldavam alguns séculos atrás. Porém, penso nas histórias magníficas que se desenvolveram há alguns anos. Um cenário que inspira, por exemplo, Shakeaspere a escrever Romeu e Julieta. Ou então, a época do Romantismo, em que se morria de amor. Não como hoje, que dizem matar por amor. Vemos nos noticiários, famílias desestruturadas, mães que matam os próprios filhos, pais que matam as esposas. E como defesa, ainda utilizam o argumento de que fizeram isto por amor. Tão contraditório, pois em um ato deste, tudo que se percebe é a ausência do amor. Então eu penso, aonde foi parar todo aquele encanto aonde as pessoas seriam capazes de morrer pelas pessoas que amam? Eu mesma respondo: Isso ficou para os filmes. Ultimamente, o único amor imortal é o que cada um sente por si mesmo.
Não quero generalizar. Ainda existem alguns espécimes raros de coração. Pessoas que são movidas pelo que tem de bom dentro de si. Pessoas pelas quais ainda vale a pena guardar as esperanças de resgatar um pouco desse sentimento. Espero a dádiva de ver um amor que seja real e não obra da ficção ou do dia-a-dia de mentes confusas.