skip to main |
skip to sidebar
Era dia 24 de dezembro.
Olhei pela janela, uma neve fina caía, fazendo companhia à espessa camada que cobria todo o jardim, a caixa de correio e a minha casa solitária. Eu embaçava o vidro com a minha respiração e fazia desenhos abstratos com a ponta do dedo, enquanto pensava o que esse último ano havia significado para mim.
Eu estava sozinha. Essa conclusão me mostrava que eu não havia feito escolhas corretas durante o ano. Deixei de fazer o que queria por medo e comodidade. O Natal era amanhã, mas a magia havia terminado para mim.
Queria eu ter tido coragem para me desculpar com meus pais, antes que eles partissem para um lugar onde eu não poderia os encontrar. E o que mais doía em mim, é que eu tive oportunidade de fazê-lo, dias antes. Mas eu ignorei os pedidos que meu coração fez e me fechei para o mundo. E, agora, tudo que eu via era uma neve cintilante e tudo que eu tinha era uma xícara de chocolate bem quente para tentar aquecer um pouco meu espírito.
Meu coração apertou mais ainda quando percebi que havia feito a mesma coisa com Josh. Foi amor a primeira vista. No momento em que o vi pela primeira vez, tive certeza de que eu nunca mais amaria alguém daquele jeito. Mas, como tudo que passa por mim, deixei-o partir.
Larguei o chocolate quente sobre a mesa e me dirigi para fora, sentindo um calafrio causado pela brisa gelada. Encolhi-me, enquanto andava pelas ruas geladas de Londres. Enfim, realizara meu sonho de morar na cidade que eu julgava a mais linda do planeta, porém, agora eu percebia que a cidade se tornava cinzenta e sem vida quando não havia mais ninguém para compartilhar daquela beleza.
Cheguei em uma praça calma que, estranhamente, me pareceu aconchegante. Sentei em um banco frio e comecei a analisar as poucas pessoas que estavam espalhadas por aquele lugar.
Havia uma pequena garotinha que construía bonecos de neve, com a ajuda de outro garoto, que pela semelhança, parecia seu irmão.
Sorri involuntariamente com a cena, mas foi um sorriso triste, ao lembrar-me que eu nunca havia construído um boneco de neve. Tanto tempo convivendo com a neve clara de Londres e eu nunca tive tempo de fazê-lo. Sempre colocando os compromissos acima da diversão, esquecendo-me de viver.
Meu pai costumava tentar começar guerras de bolas de neve comigo constantemente. Porém, eu achava isso uma perda de tempo. Quisera eu saber que um dia eu faria qualquer coisa para ter um tempo assim com meu pai. E que esse dia não demoraria a chegar. Uma guerra sem vencedores e feridos, uma guerra que envolve apenas muito amor e a chama do Natal que nunca se apaga.
Saí dos meus devaneios e voltei minha atenção às duas crianças. Elas pareciam estar sozinhas na praça e ter poucos agasalhos para o frio cortante que fazia naquele fim de tarde. Sem me importar se pareceria ridícula ou não, me aproximei delas e perguntei, receosa, se poderia as ajudar na construção do boneco. Elas pareceram animadas com a idéia e logo começaram a dar ordens de como o trabalho deveria ser feito. Eu sorri verdadeiramente, pela primeira vez, naquela véspera de Natal. Estávamos indo muito bem, ignorei totalmente o fato de já ser uma adulta e comportei-me como uma verdadeira criança. O clima de felicidade só pareceu se dissipar quando eu perguntei aos pequenos onde estavam seus pais.
Eles se entreolharam, nervosos e me narraram uma longa história, mas antes, me fizeram prometer que não contaria nada a ninguém. Os dois contavam, em tons de sussurro, que passaram por uma verdadeira aventura para chegar ali. Haviam fugido do orfanato em que moravam, pois detestavam aquele lugar, porém agora, não sabiam onde deveriam ir e nem o que fazer. Mas ambos concordavam que qualquer lugar seria melhor do que o orfanato.
Eu tive que concordar mentalmente. Crescer em um orfanato deveria ser terrível. Eu, que sempre tive doces pais ao meu lado durante quase toda a minha vida, sabia o quanto doía estar longe deles agora.
Naquele momento, resolvi mudar drasticamente o meu Natal. Ele estava programado para ser o mais solitário e vazio da minha existência, mas eu não poderia deixar isso acontecer, sabendo que poderia transformar, para melhor, não só o meu Natal, mas o de outras pessoas também.
Convidei as crianças e as levei para minha casa. Mas eu sabia que não poderia fazer isso sozinha.
Apertei a campainha da casa de Josh. Ele pareceu surpreso ao me ver.
- Você... Voltou. – Ele constatou admirado.
Não fiz mais nada além de abraçá-lo. Eu costumava sempre ir embora, me esconder, com medo de cair. Porém, eu não deixaria isso acontecer dessa vez. Não iria ter outro arrependimento. Não tive tempo de pedir desculpas aos meus pais, antes que eles fossem embora. Dessa vez, faria tudo diferente.
- Desculpe, Josh. – Murmurei. – Não quero ficar longe de você. Não vou mais fugir.
As crianças gostaram de Josh quase imediatamente. Ele era uma pessoa fácil de simpatizar. Fácil de amar.
Os deixei por um instante na sala, brincando e conversando. Parei em frente à janela e olhei de esguelha para o relógio. Meia noite. Sorri. Não pude deixar de agradecer pela magia do Natal.
Toda a magia só depende de você.
Resolvi postar outro conto meu aqui no blog. Adoro contos de Natal, acho verdadeiramente que existe muita magia nessa data. Feliz Natal para todos os leitores do meu blog! :)
segunda-feira, 20 de dezembro de 2010
Same Old Christmas
Era dia 24 de dezembro.
Olhei pela janela, uma neve fina caía, fazendo companhia à espessa camada que cobria todo o jardim, a caixa de correio e a minha casa solitária. Eu embaçava o vidro com a minha respiração e fazia desenhos abstratos com a ponta do dedo, enquanto pensava o que esse último ano havia significado para mim.
Eu estava sozinha. Essa conclusão me mostrava que eu não havia feito escolhas corretas durante o ano. Deixei de fazer o que queria por medo e comodidade. O Natal era amanhã, mas a magia havia terminado para mim.
Queria eu ter tido coragem para me desculpar com meus pais, antes que eles partissem para um lugar onde eu não poderia os encontrar. E o que mais doía em mim, é que eu tive oportunidade de fazê-lo, dias antes. Mas eu ignorei os pedidos que meu coração fez e me fechei para o mundo. E, agora, tudo que eu via era uma neve cintilante e tudo que eu tinha era uma xícara de chocolate bem quente para tentar aquecer um pouco meu espírito.
Meu coração apertou mais ainda quando percebi que havia feito a mesma coisa com Josh. Foi amor a primeira vista. No momento em que o vi pela primeira vez, tive certeza de que eu nunca mais amaria alguém daquele jeito. Mas, como tudo que passa por mim, deixei-o partir.
Larguei o chocolate quente sobre a mesa e me dirigi para fora, sentindo um calafrio causado pela brisa gelada. Encolhi-me, enquanto andava pelas ruas geladas de Londres. Enfim, realizara meu sonho de morar na cidade que eu julgava a mais linda do planeta, porém, agora eu percebia que a cidade se tornava cinzenta e sem vida quando não havia mais ninguém para compartilhar daquela beleza.
Cheguei em uma praça calma que, estranhamente, me pareceu aconchegante. Sentei em um banco frio e comecei a analisar as poucas pessoas que estavam espalhadas por aquele lugar.
Havia uma pequena garotinha que construía bonecos de neve, com a ajuda de outro garoto, que pela semelhança, parecia seu irmão.
Sorri involuntariamente com a cena, mas foi um sorriso triste, ao lembrar-me que eu nunca havia construído um boneco de neve. Tanto tempo convivendo com a neve clara de Londres e eu nunca tive tempo de fazê-lo. Sempre colocando os compromissos acima da diversão, esquecendo-me de viver.
Meu pai costumava tentar começar guerras de bolas de neve comigo constantemente. Porém, eu achava isso uma perda de tempo. Quisera eu saber que um dia eu faria qualquer coisa para ter um tempo assim com meu pai. E que esse dia não demoraria a chegar. Uma guerra sem vencedores e feridos, uma guerra que envolve apenas muito amor e a chama do Natal que nunca se apaga.
Saí dos meus devaneios e voltei minha atenção às duas crianças. Elas pareciam estar sozinhas na praça e ter poucos agasalhos para o frio cortante que fazia naquele fim de tarde. Sem me importar se pareceria ridícula ou não, me aproximei delas e perguntei, receosa, se poderia as ajudar na construção do boneco. Elas pareceram animadas com a idéia e logo começaram a dar ordens de como o trabalho deveria ser feito. Eu sorri verdadeiramente, pela primeira vez, naquela véspera de Natal. Estávamos indo muito bem, ignorei totalmente o fato de já ser uma adulta e comportei-me como uma verdadeira criança. O clima de felicidade só pareceu se dissipar quando eu perguntei aos pequenos onde estavam seus pais.
Eles se entreolharam, nervosos e me narraram uma longa história, mas antes, me fizeram prometer que não contaria nada a ninguém. Os dois contavam, em tons de sussurro, que passaram por uma verdadeira aventura para chegar ali. Haviam fugido do orfanato em que moravam, pois detestavam aquele lugar, porém agora, não sabiam onde deveriam ir e nem o que fazer. Mas ambos concordavam que qualquer lugar seria melhor do que o orfanato.
Eu tive que concordar mentalmente. Crescer em um orfanato deveria ser terrível. Eu, que sempre tive doces pais ao meu lado durante quase toda a minha vida, sabia o quanto doía estar longe deles agora.
Naquele momento, resolvi mudar drasticamente o meu Natal. Ele estava programado para ser o mais solitário e vazio da minha existência, mas eu não poderia deixar isso acontecer, sabendo que poderia transformar, para melhor, não só o meu Natal, mas o de outras pessoas também.
Convidei as crianças e as levei para minha casa. Mas eu sabia que não poderia fazer isso sozinha.
Apertei a campainha da casa de Josh. Ele pareceu surpreso ao me ver.
- Você... Voltou. – Ele constatou admirado.
Não fiz mais nada além de abraçá-lo. Eu costumava sempre ir embora, me esconder, com medo de cair. Porém, eu não deixaria isso acontecer dessa vez. Não iria ter outro arrependimento. Não tive tempo de pedir desculpas aos meus pais, antes que eles fossem embora. Dessa vez, faria tudo diferente.
- Desculpe, Josh. – Murmurei. – Não quero ficar longe de você. Não vou mais fugir.
As crianças gostaram de Josh quase imediatamente. Ele era uma pessoa fácil de simpatizar. Fácil de amar.
Os deixei por um instante na sala, brincando e conversando. Parei em frente à janela e olhei de esguelha para o relógio. Meia noite. Sorri. Não pude deixar de agradecer pela magia do Natal.
Toda a magia só depende de você.
Resolvi postar outro conto meu aqui no blog. Adoro contos de Natal, acho verdadeiramente que existe muita magia nessa data. Feliz Natal para todos os leitores do meu blog! :)
6 comentários:
Lindo,adorei.
Bem bonito o texto.
Parabéns!
Oi, tudo bem? Dei uma olhada nos seus posts, e realmente o nome do blog tem tudo a ver com o conteúdo. Você fala bastante sobre os sentimentos. Saiba que você é uma pessoa abençoada, pois são raras as pessoas que valorizam os sentimentos numa época tão sem sal como a nossa, em que sentimentos não valem nada. Parabéns!
No momento estou te segindo apenas,mas prometo voltar em breve para comentar suas postagens! poderia seguir o meu? asim criamos um vinculo que facilite na divulgação de ambos os blogs!
http://medicinepractises.blogspot.com/
adoro sentimentos explícitos nos textos
vc escreve bem!
www.diariodagarotadevariasfaces.blogspot.com
Olá!
Tem selinho pra ti no meu cantinho!
Passa lá!
Beijos meus
Postar um comentário